terça-feira, 27 de agosto de 2013

Caio Fernando Abreu - Pálpebras de Neblina

Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar. Andar e olhar. Sem pensar, só olhar: caras, fachadas, vitrinas, automóveis, nuvens, anjos bandidos, fadas piradas, descargas de monóxido de carbono. Da praça Roosevelt, fui subindo pela Augusta, enquanto lembrava uns versos de Cecília Meireles, dos Cânticos: "Não digas 'Eu sofro'. Que é que dentro de ti és tu? / Que foi que te ensinaram/ que era sofrer ?" Mas não conseguia parar. Surdo a qualquer zen-budismo, o coração doía sintonizado com o espinho. Melodrama: nem amor, nem trabalho, nem família, quem sabe nem moradia - coração achando feio o não-ter. Abandono de fera ferida, bolero radical. Última das criaturas, surto de lucidez impiedosa da Big Loira de Dorothy Parker. Disfarçado, comecei a chorar. Troquei os óculos de lentes claras pelos negros ray-ban - filme. Resplandecente de infelicidade, eu subia a Rua Augusta no fim de tarde do dia Tão idiota que parecia não acabar nunca. Ah! como eu precisava tanto de alguém que me salvasse do pecado de querer abrir o gás. Foi então que a vi. Estava encostada na porta de um bar. Um bar brega - aqueles da Augusta-cidade, não Augusta-jardins. Uma prostituta, isso era o mais visível nela. Cabelo malpintado, cara muito maquiada, minissaia, decote fundo. Explícita, nada sutil, puro lugar comum patético. Em pé, de costas para o bar, encostada na porta, ela olhava a rua. Na mão direita tinha um cigarro, na esquerda um copo de cerveja.
E chorava, ela chorava. Sem escândalo, sem gemidos nem soluços, a prostituta na frente do bar chorava devagar, de verdade. A tinta da cara escorria com as lágrimas. Meio palhaça, chorava olhando a rua. Vez em quando, dava uma tragada no cigarro, um gole na cerveja. E continuava a chorar - exposta, imoral, escandalosa - sem se importar que a vissem sofrendo. Eu vi. Ela não me viu. Não via ninguém, acho. Tão voltada para a própria dor que estava, também, meio cega. Via pra dentro: charco, arame farpado, grades. Ninguém parou. Eu, também, não. Não era um espetáculo imperdível, não era uma dor reluzente de néon, não estava enquadrada ou decupada. Era uma dor sujinha como lençol usado por um mês, sem lavar, pobrinha como buraco na sola do sapato. Furo na meia, dente cariado. Dor sem glamour, de gente habitando aquela camada casca grossa da vida. Sem o recurso dessas benditas levezas de cada dia - uma dúzia de rosas, uma música de Caetano, uma caixa de figos. Comecei a emergir. Comparada à dor dela, que ridícula a minha, dor de brasileiro-médio-privilegiado. Fui caminhando mais leve. Mas só quando cheguei à Paulista compreendi um pouco mais. Aquela prostituta chorando, além de eu mesmo, era também o Brasil. Brasil 87: explorado, humilhado, pobre, escroto, vulgar, maltratado, abandonado, sem um tostão, cheio de dívidas, solidão, doença e medo. Cerveja e cigarro na porta do boteco vagabundo: carnaval, futebol. E lágrimas. Quem consola aquela prostituta? Quem me consola? Quem consola você, que me lê agora e talvez sinta coisas semelhantes? Quem consola este país tristíssimo? Vim pra casa humilde. Depois, um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim. E fez. Quando gemeu "dói tanto", contei da moça vadia chorando, bebendo e fumando (como num bolero). E quando ele perguntou "porquê?", compreendi ainda mais. Falei: "Porque é daí que nascem as canções". E senti um amor imenso. Por tudo, sem pedir nada de volta. Não-ter pode ser bonito, descobri. Mas pergunto inseguro, assustado: a que será que se destina?

(in: Pequenas Epifanias)
Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Automutilação...


Pois é sei que isso é um assunto um tanto quanto... polêmico, que vários famosos e famosas já passaram por isso, um exemplo que eu acho que todo mundo conhece é a Demi Lovato (ai sou lovatic) ela passou por problemas e tals e começou a se cortar, pra quem quiser ler a história dela ~> ( http://dtnovageracao.blogspot.com.br/p/demi-lovato-historia.html ) enfim não foi só ela claro mas todo mundo sabe que "Demi Lovato já se cortou".


Não são só famosos que fazem isso muitas garotas e garotos passam ou já passaram por isso, os motivos são muitos, insatisfação com o corpo, garotos, garotas, paixões não correspondidas, problemas familiares, etc ou as vezes vários desses juntos :s e junto com a automutilação geralmente vem a bulimia e/ou a anorexia :c.


Alguns preferem pedir ajuda, outros preferem sofrer sozinhos e em silêncio, eu acho que devem pedir ajuda, para amigos, família pessoas próximas e confiáveis. Eles põem uma espécie de máscara para tentar esconder os problemas, sorriem, brincam, mas a noite no quarto a sós choram, choram muito e acabam... se cortando.


Escondem as marcas e cicatrizes, com pulseiras, casacos, calças, e muitas outras coisas, não julgo quem faz isso, é tipo uma forma de se punir mas... peçam ajuda, se cuidem, e vocês que zoam pessoas na escola, debocham, ignoram, você pode ser o motivo de ela ir chorar toda noite e se cortar correndo o risco de ir parar no hospital e até morrer em alguns casos, então pensem duas (ou 7486593855396965) vezes antes de zoar alguém não importa o porque.

Bom gente, acho que é isso, comenteeeeeeem quero saber o que acharam, qualquer dúvida, observação ou qualquer outra coisa comenteeeem.

                                                                                                                                   Beijos, Ana <3

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Ballet

Comecei a fazer ballet desse tamanho ai, fiquei apaixonada por essa dança cheia de equilíbrio, concentração, postura, disciplina... é uma dança calma, nunca pensei que logo eu que sou uma menina muito agitada fosse me apaixonar por uma dança tão calma assim HAHA
Como todos no mundo cresci né haha e continuo apaixonada por ballet, agora já estou na sapatilha de ponta, é mais difícil e esse é o estágio que REALMENTE ACABA com o seu pé.. dizem que os pés de bailarinas são os mais feios, olha acho que é isso mesmo por conta de ter que sustentar todo o seu peso na ponta do pé. Só faça ballet se realmente amar essa dança pois você vai sofrer.
SOCORRO!!!!!!!!!!!!! Nosso pé fica assim a medida que usamos a ponta :p
Bom qualquer dúvida, dica ou qualquer coisa comente por favor, e acham que eu devo fazer posts sobre o que? ~sem vácuo~
                                                                                                                                           beijos, ana